opinião

As marcas de Dom Ivo Lorscheiter



Este 5 de março de 2018 marca os 11 anos da morte do bispo emérito de Santa Maria: Dom Ivo Lorscheiter, o "Gigante da Esperança". Ele deixou um trabalho consistente na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e na Diocese de Santa Maria, hoje Arquidiocese. No período ditatorial, o bispo mostrou a cara em defesa dos direitos humanos, enquanto muitos marcharam unidos na tortura a seres indefesos e no apoio ao regime de exceção. Na atualidade, os mesmos pseudodemocratas respiram liberdade, depois de uma fase obscura e dolorosa para muitos brasileiros. Alguns até saem às ruas pedindo a volta da intervenção militar no país.

Em Santa Maria, entre várias iniciativas, o Projeto Esperança/Cooesperança teve Dom Ivo como fiel apoiador e incentivador. Ele sempre esteve a postos para auxiliar na luta contra as dificuldades enfrentadas pela proposta de valorização da economia popular solidária. Agora em 2018, o projeto completa 31 anos com a geração de trabalho e renda para centenas de grupos associados da região centro do Estado. A iniciativa valoriza o ser humano como cidadão na essência da palavra, recupera a autoestima e transforma a vida de seus integrantes.

José Ivo Lorscheiter nasceu na localidade de São José do Hortênsio, município de São Sebastião do Caí (RS), no dia 7 de dezembro de 1927, filho de Francisco Lorscheiter e de Maria Mohr Lorscheiter. Ele iniciou seus estudos preliminares no Seminário Menor de São José, em Gravataí (RS), e cursou filosofia no Seminário Central de São Leopoldo (RS), de 1947 a 1949. No ano seguinte, ingressou na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. Doutorando-se em teologia, recebeu sua ordenação sacerdotal em dezembro de 1952. De volta ao Brasil, lecionou teologia no Seminário Maior de Viamão (RS) e na Universidade Católica de Porto Alegre. De 1955 a 1957, foi reitor do Seminário de São José e, de 1957 a 1958, vice-reitor do Seminário Maior de Viamão. Elevado a bispo em março de 1966, foi nomeado bispo-auxiliar de Porto Alegre, passando a atuar ao lado do arcebispo dom Vicente Scherer que, na época, exercia também a vice-presidência da CNBB.

Durante o governo do general Médici (1969-1974), o regime militar intensificou a repressão, com a prática de torturas de presos políticos e detenções arbitrárias, inclusive de sacerdotes católicos. Em fevereiro de 1971, Dom Ivo foi eleito secretário-geral da CNBB, recebendo o apoio da chamada corrente progressista do clero brasileiro. Foi reeleito em 1974. Em novembro do mesmo ano, Dom Ivo recebeu a indicação para dirigir a Diocese de Santa Maria, sendo empossado dois meses depois. Na cidade, manteve o programa radiofônico semanal "Palavras do Pastor", transmitido pela Rádio Medianeira, além de escrever duas colunas semanais sobre problemas da atualidade nos jornais A Razão e O Expresso.

Foi presidente da CNBB de 1973 a 1987, sempre na luta por um igreja ecumênica e em defesa dos mais necessitados, além de defender um país com justiça social. Teve atuação destacada no debate das questões da política nacional, contra a repressão e em favor da reforma agrária. Criticou o ordenamento econômico vigente da época, principalmente pela concentração de renda. Dom Ivo propôs investimentos na área de jornalismo da CNBB para expandir a Rede Vida e criar uma agência católica de notícias. Certa vez, Dom Ivo disse que "os impérios caem, mas a Igreja continua, ela é eterna", numa crítica aos dirigentes do país em 1980.

Em 24 de março de 2004, renunciou ao cargo de bispo da Diocese de Santa Maria, obtendo o título de bispo emérito. Em 2005, recebeu o título de Doutor Honoris Causa do Centro Universitário Franciscano (Unifra).

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